Um Desafio para o bem-estar nas organizaçõesNa minha área de atuação no contexto empresarial, as inter e intra relações são o pilar que sustenta o dia a dia no trabalho em equipa e que se reforçam e manifestam depois a título individual. Para quem promove a agilidade emocional capaz de transformar momentos de confronto em formas de evolução conjunta, o principal objetivo é não só melhorar o bem-estar mental e emocional das pessoas envolvidas, mas também dar-lhes ferramentas para que, em casa e no trabalho, possam ter um papel ativo na gestão das suas emoções versus responsabilidades e competências. A importância e o investimento na gestão de conflitos são fundamentais para assegurar um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar dos colaboradores. Depois, é ter consciência e manter sempre presente que a nossa estrutura é criada pela parte mental, emocional, física e espiritual, e todas as partes estão ligadas, sendo causa e efeito em simultâneo. Perante uma situação de crise entre as partes envolvidas, importa, à priori, assumir que, na maior parte das vezes, a resolução dos problemas assenta nas diferentes personalidades e histórias de vida, e só depois no contexto onde o cargo e a função profissional se podem ou não evidenciar. Acredito que uma gestão de conflitos eficaz começa com a apuração dos factos. Existem sempre três versões de um episódio: a verdadeira, a do ponto de vista de quem está envolvido, acrescida da versão da outra parte. Não é possível evitar que cada um sinta de forma diferente do outro. A tendência humana, desde que nascemos, é a de defesa, e geralmente o que coloca as pessoas em desacordo é cada um elevar a sua própria individualidade em resposta a um “ataque”. As causas do conflito são a base, e suposições ou rumores são capazes de nos desviar do objetivo de passarmos do foco nos problemas para o foco nas soluções. Assim, evitamos que o conflito se agrave e permitimos que as partes envolvidas se concentrem em reduzir a tensão instalada. Criar pontes entre as partes é pegar nas pontas soltas e dar-lhes um laço. É despertar cada um para a importância de transformar um desacordo num momento de evolução das relações e até como forma de as pessoas se conhecerem melhor. Só choca quem está próximo, e a proximidade pressupõe ajustes e flexibilidade na forma como vivenciamos as diferentes fases partilhadas no trabalho ou na esfera pessoal. A ferramenta mais potente é sempre a comunicação assertiva, aberta e respeitosa. Todos gostamos de nos sentir ouvidos e compreendidos. A paz e o entendimento necessários só têm espaço para existir quando se aquietam os ânimos e se reduzem as necessidades de defesa, muitas vezes ativadas em piloto automático e em modo de instinto de sobrevivência. A criação de um ambiente propício é fundamental para que as partes se sintam confortáveis em partilhar os seus pontos de vista e trabalhar juntas para encontrar soluções. Gestos simples, como servir um copo de água e ter uma sala acolhedora, são fatores externos que podem reduzir o stress que o conflito pode causar. Existem inúmeras técnicas de gestão de stress, como a meditação ou o exercício físico, ou até através da oferta de apoio emocional às partes envolvidas, mas uma boa conversa pode ser o ponto de partida para, no momento certo, não deixar alargar a rede de mal-entendidos, mágoas ou até ansiedade, que começa num par e pode atingir um open space por inteiro. A criação de um plano de iniciativas em grupo e individuais, que estabeleça metas e objetivos claros para a resolução de conflitos, é uma forma eficaz de fomentar a cooperação, que é sempre a possibilidade de operarem em conjunto, para o bem ou para o mal. Os canais de comunicação abertos e transparentes permitem que as partes se comuniquem de forma mais regular e, assim, os conflitos, ao invés de ganharem uma dimensão desmedida, são contornados o quanto antes. Vivemos numa conjuntura socioeconómica a nível mundial que, por si só, causa muita ansiedade a todos nós. Muitas vezes, a gestão de conflitos dentro e fora das empresas passa por resolver os conflitos interiores de cada um. Acredito que da desordem nasce a ordem e que aqueles que são acompanhados num caminho de não julgamento e de crescimento lado a lado têm os pés na terra e o coração no sítio certo. Vera Machaz
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